O FC Porto acabou, agora mesmo, de ser autenticamente cilindrado pelo Arsenal por 4-0, na segunda jornada da Liga dos Campeões. E foram só 4 porque o Arsenal falhou, escandalosamente, pelo menos 5 oportunidades. Foi um banho de bola à antiga. Mas, aparte os regozijos clubísticos (e aqui, Subutteo, estou curioso para ver o que dizes depois de teres gozado com a derrota por 3-1 do Sporting em Nou Camp) isto é muito triste. Não tenho prazer nenhum em que o Porto ganhe qualquer jogo da Liga dos Campeões, pelo dinheiro envolvido. Mas tudo o que seja humilhação também chateia pelo facto de os ingleses gozarem à bruta com os clubes portugueses. Mas aqui, os menos culpados são os jogadores do Porto, que bem correram. Estamos é num universo futebolístico demasiado longínquo da elite futebolística europeia. Quando os responsáveis do nosso futebol entendem que só devemos ter 16 clubes na liga principal e um jogo por semana, de preferêncioa ao Domingo à noite às 21.15, enquanto em Inglaterra, Itália, Espanha se joga duas vezes por semana a todo o gás, os níveis competitivos têm que ser diferentes. O próprio All-Star Benfica foi o que se viu frente a uma equipa mediana italiana.
Mas a culpa não é só da Federação e da Liga. Os próprios dirigentes desportivos, assalariados de empresários manhosos, são altamente culpados desta falta de qualidade impressionante das nossas equipas a nível internacional.
Como é que Gilberto Madaíl tem a ousadia de dizer que quer ver Portugal na final do Campeonato do Mundo de 2010, quando os principais clubes portugueses não têm jogadores portugueses a jogar? Como é que adeptos de Porto e Benfica, adeptos da Selecção Nacional, podem achar que Portugal tem equipa para se bater com Alemanha, Itália, Brasil ou Espanha, quando compactuam com políticas desportivas que previligiam a contratação de jogadores internacionais perfeitamente medíocres (Benítez, Sapunaru, Tomás Costa, Hulk, Yebda, Bynia, Balboa). Se olharmos para o onze habitual do Porto, temos Bruno Alves e Meireles como únicos portugueses. No Benfica, as honras cabem a Quim, Carlos Martins e, por vezes, Nuno Gomes (não vou contar com o Miguel Vitor que entrou como último recurso e não é um titular indiscutível). O Sporting, e aqui não é clubismo estúpido, ainda assim, é o único clube de topo em Portugal que ainda aposta nos jogadores lusos, com Rui Patrício, Abel, Tonel, Caneira, João Moutinho, Miguel Veloso, Postiga e Djaló (8 portugueses no onze inicial contra o Benfica). Não é de hoje que digo isto: prefiro um medíocre Pereirinha a um medíocre Farnerud. Não tenham dúvidas.
Por isso, acho que está na altura de assumirem vergonha, adeptos e dirigentes, pelo estado a que isto chegou. Vamos dar oportunidade aos nossos jogadores, formados brilhantemente em Portugal e com muito mais qualidade que muitos brasileiros que aí andam. Por acaso o Miguel Vitor comprometeu contra o Sporting? Não. Mas se se chamasse Vitinho e fosse brasileiro, já era o maior.
Acreditem que me daria gozo estar aqui a gozar com o Porto, mas deu-me muita raiva ver o Arsene Wenger a rir-se às gargalhadas no banco do Arsenal. Se a vocês não vos chateou...