Fiquei profundamente chocado com a última intervenção do novo presidente do Sporting. José Eduardo Bettencourt elogia os reforços do Benfica, anuncia que Porto e Benfica são os naturais candidatos ao título, e que o Sporting muito faz com os pouco recursos que tem. É no mínimo lamentável que o presidente de um clube com a grandeza do Sporting faça este tipo de comentários ainda antes da época começar, na véspera de um decisivo confronto com a Fiorentina que poderá dar acesso à Liga dos Campeões pelo quarto ano consecutivo ao Sporting (prova onde o Benfica com o seu grande plantel há muito que não está...), contribuindo para cavar ainda mais o fosso da suposta "crise de identidade" entre o clube e os adeptos.
Se de uma coisa o Sporting se pode queixar é da falta de ambição de pessoas como JEB que, à custa do compadrio com os bancos de onde vêem, têm delapidado o património desportivo do Sporting para cumprir com as obrigações agiotas dos bancos.
O que Benfica e Porto fazem bem não é contratar em barda (porque de nada me serve que o Sporting contrate jogadores como Romagnoli, Purovic, Farnerud ou Tíui) só para dizer que compra. Quantidade nunca foi sinónimo de qualidade, e o Benfica tem metido umas belas argoladas com alguns jogadores que paga a peso de ouro (Carlos Martins, Yebda, Zoro, Bynia, Sydnei, Reyes,etc..), tal como o Porto (Sapunaru, Beletti, etc..). O que Porto e Benfica fazem bem é perceber que o seu negócio se chama futebol. É disto que vivem e é com sócios motivados que encham os estádios que arrecadm receitas. O Benfica pode não ganhar nada, como tem sido o caso nos últimos anos, mas consegue, com esta intoxicação de nomes, encher o estádio da Luz e perpeturar a chama benfiquista para lá do razoável, impedindo que o clube se transforme no inevitável Nottingham Forest de Portugal (um clube que ganhou nos anos 60 algumas competições europeias e que hoje anda na 2º liga inglesa, e que também equipa de vermelho).
Eu não me chateio nada com estas contratações em barda do Benfica e do Porto, nem que o César Peixoto prefira ir para o Benfica, continuo a preferir uma equipa do Sporting feita tendo por base a sua formação, com jogadores portugueses, porque se há uma coisa que os portugueses sabem fazer é jogar futebol. Melhor que qualquer colombiano, equatoriano, paraguaio, grego ou marroquino. Ainda que isso faça com que tenha que apanhar com excesso de minutos do Pereirinha. Mesmo assim, antes isso que excesso de minutos do Farnerud.
Esta inenarrável declaração de JEB, deitando a toalha ao chão ainda antes de começar, é a antítese de tudo o que eu esperava dele. Se nos lembrarmos, Mourinho fez um Porto campeão europeu com base em jogadores portugueses ou que estavam a jogar em Portugal. Ressuscitou um Maniche, foi buscar jogadores como Paulo Ferreira e Nuno Valente (Setúbal e Leiria), Costinha e Derlei. Investiu quase nada e fez uma equipa ímpar nos últimos anos em Portugal e no Mundo que deu milhões ao Porto. À custa de quê? Ambição e vontade de ganhar. É isto que eu quero para o meu Sporting. Menos picanha para esses brasileiros que vieram inexplicavelmente gordos das férias, mais empenho, dedicação e vontade de ganhar. E isto aplica-se ao técnico.
Por isso, meu caro, JEB, esse discurso não é digno de um presidente do Sporting. Podemos elogiar os adversários, e até te fica bem, mas nunca diminuindo a nossa equipa e o esforço de formação que tem sido feito ao longo dos anos. No final, fazem-se as contas. O Sporting perdeu 24 pontos na época passada em jogos contra equipas com orçamentos inferiores ao seu. Daria para sermos campeões. Em 12 pontos possíveis contra Benfica e Porto, fizemos 4. Basta melhorar o primeiro ponto e deixar o segundo como está para sermos campeões.
Mais ambição, meu caro....
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