O Campeão Silencioso

Por muito que enerve os adeptos do Porto, este Tetra-Campeonato (o segundo da história do Porto e terceiro da história do futebol português) redunda sempre em festejos silenciosos. Acho que na minha rua houve uma buzinadela de um carro, mas acho que foi para chamar alguém. Este eterno confinamento do FC Porto à área metropolitana do Porto, apesar da hegemonia evidente dos últimos 25 anos, dá que pensar. Porque é que um clube que tanto ganha não consegue cativar adeptos a uma escala nacional? Conheço alguns, poucos, adeptos do Porto em Lisboa. Mas são mesmo muito poucos. Gente com raízes no Norte ou que veio estudar para Lisboa por algum motivo. Ao contrário de Sporting e Benfica, que enchem a Avenida dos Aliados sempre que são campeões, Lisboa dorme sossegada nos festejos do Porto. É algo estranho, mas que eu acho que tem explicação.

Ontem, nos habituais programas de futebol, perguntavama qual a razão do Porto ser campeão. Mais de 80% das pessoas que responderam, voltavam a justificar este título com as arbitragens. Acho que aqui é que reside o problema. Independentemente do Porto viciar ou não os jogos, já existe esta opinião generalizada de que o Porto e Pnto da Costa são pouco claros. Tenho para mim uma certeza: o Porto até pode não ser beneficiado, agora prejudicado é que nunca é. O lance do Raul Meireles em Coimbra é um bom exemplo, ou o do Fernando agora contra o Nacional. Penaltys contra o Porto nem vê-los, a não ser que sejam de tal maneira descarados que não reste ao árbitro outra alternativa.

Esta eterna viciação, que já deixou o Platini com amargos de boca de não conseguir excluir o Porto das competições europeias, tem que acabar. E eu acho que não passa por uma aliança Sporting/Benfica contra o Porto. Passa por um saneamento completo das estruturas da Federação e da Liga que ocupam lugares de topo ao mesmo tempo que Pinto da Costa preside ao FC Porto. Passa por tirar a sede da Liga da cidade do Porto, até porque não faz sentido, era como a Federação francesa ter a sede da Liga em Marselha, ou a Italiana em Turim.

E até não está em causa a qualidade futebolística que o FC Porto demonstrou em alguns momentos do Campeonato. A questão é que lhes está no sangue. Se repararmos, os incidentes do Apito Dourado referem-se ao período do Mourinho no Porto, onde eram claramente superiores a todos os adversários. Não tinham necessidade nenhuma de andar a distribuir fruta, mas isso não os demoveu. É genético.

Tenho para mim que o Sporting, mais uma vez, é um injusto Vice-Campeão. Esta tem sido a nossa sina nos últimos quatro anos. Somos uns meninos. O Paulo Bento só no fim do campeonato endureceu as criticas às arbitagens, algo que devia ter feito muito mais cedo. O Sporting, para deixar cair o Vice do Campeão, tem que atirar mais medalhas para o relvado quando é injustamente prejudicado. Porque esta é a questão. Tal como o Porto, o Sporting tem que conseguir jogar pelas mesmas regras. Até pode não ser beneficiado, não pode é ser prejudicado. Talvez assim não tivesse perdido dois pontos no jogo da primeira volta com a Académica em Alvalade por ter marcado um livre depressa demais, ou perdido com o Braga em Alvalade com um golo que só o fiscal de linha viu. Só aqui já temos 3 pontos. Se o Porto não tivesse empatado com o Benfica no Dragão, se não tivesse roubado o Braga em Braga, se calhar não tinha feito estes três pontos. E já estamos em igualdade. E se o penalty do Raul Meireles em Coimbra tivesse sido validado? O Porto teria ganho esse jogo? Se calhar já íamos à frente.

Se calhar, é por estas que o Porto continua a ser um Campeão Silencioso.